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Rancore nº 7, zine Anarcopunk com entrevista de militante da SHARP.

Em 1995 esteve de rolê pelo Brasil o Raul Baguá, um Skinhead antifascista da seção portuguesa da SHARP (Skinheads Against Racial Prejudice), que também fazia parte do Centro de Cultura Libertária de Lisboa, Portugal.

Em São Paulo, capital, ele foi acolhido por militantes do MAP (Movimento Anarcopunk) que, além de dar-lhe abrigo na Comuna Goulai-Polé (Rio Pequeno, São Paulo/SP), durante seu período de estadia por aqui, o levaram a diversas gigs e eventos do cenário libertário daquela época.

Claro que isso não foi um processo harmonioso. Houve algum conflito e desconfiança por parte de alguns Punks da época, principalmente devido à realidade Skinhead brasileira de então, formada por White Powers e sua corruptela tupiniquim, os Carecas.

Apesar disso, o MAP/SP de então apoiou o Raul e foi pioneiro na divulgação da SHARP e do Skinhead antifascista no Brasil, algo que para nós, naquele momento, era novidade.

Por isso, estamos disponibilizando a edição de número 07, de abril de 1997, do zine Anarcopunk Rancore, então produzido pelo Alex (Comuna Goulai-Polé) e pela Samira (Coletivo Anarco Feminista – CAF/SP). Nesta edição do zine, referência na época, há uma entrevista com o Raul Baguá realizada em novembro de 1995.

Agradecemos a Márcia Miranda (Casa Punk Records e bandas Pós Guerra e Luta Armada) pela disponibilização desta edição do zine em PDF.

Clique aqui e baixe o Rancore nº7.

Capa da edição nº 7 de abril de 1997 do zine Anarcopunk Rancore.

Capa da edição nº 7, de abril de 1997, do zine Anarcopunk Rancore.

Punkabilly, tribuno Rockabilly ao Punk nacional

Em 5 de junho de 2015 a Última Classe teve a honra de ser lembrada pela banda Asteroides Trio em seu Punkabilly, tributo Rockabilly ao Punk nacional.

Nessa festa eles tocaram versões Rockabilly de músicas de diversas bandas Punks nacionais com a participação de seus respectivos vocalistas, entre elas DZK, Cólera, Sarjeta, Sub Existência, Restos de Nada, Pé Sujus, Dependentes Químicos, Filhos de Inácio e nós, Última Classe.

Nossa música escolhida foi Tabaco, Álcool, Perfume Barato. Abaixo segue o vídeo captado dessa música na leitura da Asteroides Trio com participação de nosso vocalista e guitarrista Alcides.

Ficha Técnica
Música: Tabaco, Álcool, Perfume Barato – Asteroides Trio & Alcides Junior (Última Classe).
Gravação: Punkabilly ao vivo em 05/06/2015.
Imagens: Crissostenes Souza.
Áudio: Ivy Beyond The Grave (No Limits Estúdio).
Edição: Leandro Franco.
Apoio: Nada Pop.

Cartaz do evento Punkabilly, tribuno Rockabilly ao Punk nacional.

Cartaz do evento Punkabilly, tribuno Rockabilly ao Punk nacional.

Entrevista da Última Classe ao Desobediência Sonora

No último dia 25 de março tivemos a grande satisfação de gravar, no Estúdio Noise Terror, Zona Sul da cidade de São Paulo/SP, uma entrevista para o Desobediência Sonora.

O Desobediência Sonora é um coletivo que se organiza em torno de um Podcast focado na divulgação de iniciativas autônomas, música independente e movimentações políticas, sociais, culturais e artísticas, sobretudo de caráter anti-capitalista.

Sendo esse um veículo independente de informação tão importante, queremos deixar registrado nossos agradecimentos ao Fernando Konesuk e o Felipe Sunaitis pela oportunidade e pelo espaço concedido a banda.

Abaixo seguem a ficha técnica do programa, os links de outras mídias do Desobediência Sonora e os links para audição e descarga da entrevista.

Desobediência Sonora edição #91
Entrevista com Última Classe
Gravado no Estúdio Noise Terror em 25/03/2016

Trilha
Última Classe – É melhor se calar
Última Classe – Antifa
Última Classe – Hardcore sem punk
Última Classe – Punks & Skins

Trilha Sonora:
Tara Putra – Driven By Dub

Para acessar outras edições do Podcast acesse o sítio eletrônico do Desobediência Sonora clicando aqui.
Para o Twitter do Desobediência Sonora clique aqui.
Para o canal do Youtube do Desobediência Sonora clique aqui.
Para descarga do arquivo da entrevista com a Última Classe clique aqui.

Ouça a entrevista:

Última Classe mais podre do que nunca!

No próximo domingo, dia 03/04, a Última Classe participará do evento Mais Podres do que Nunca! organizado pela Feio Records.

O evento acontecerá no Itaim Paulista, em São Paulo/SP, juntamente com as bandas O Satânico Dr. Mao e os Espiões Secretos, Pé Sujus, Velhos Bohemios, Dose Letal e discotecagem de SP Paranoia.

O local de realização dessa gig chama-se Sertão Sertanejo e fica localizado à Avenida Marechal Tito, 4665, Itaim Paulista, São Paulo/SP. O espaço fica dentro de um posto de gasolina BR, em frente a praça Silva Teles. A estação da CPTM mais próxima é a estação Itaim Paulista.

Para confirmar presença no evento de facebook para esta gig clique aqui.

2016-04-03 - Mais Podres do que Nunca (cartaz)

Última Classe em São Paulo nesta sexta (25/03) e sábado (26/03)

No próximo final de semana a Última Classe vai participar de duas gig em São Paulo/SP. Uma na sexta (25/03) no Estúdio Noise Terror e outra no sábado (26/03) na Casa de Cultura Marginal – CCM.

Na sexta, no Estúdio Noise Terror, tocaremos em uma gig organizada pela banda 88 Não! como parte da turnê brasileira 2016 da banda uruguaia Antibanda. Além da Última Classe e da Antibanda, tocarão também Desacato Civil, Danilovers e A Ferramenta.

O Estúdio Noise Terror fica na Avenida Engenheiro Armando Arruda Pereira, 1415, Jabaquara, São Paulo/SP. A entrada custa R$ 10,00 e a gig está marcada para as 19 horas. Para confirmar presença no evento do facebook para esta gig clique aqui.

No sábado, na Casa de Cultura Marginal – CCM, tocaremos em um evento organizado pelo coletivo Hardcore sem Pátria chamado Rudie Skunk Fest: Representatividade Feminina no Skinhead. A Última Classe tocará no segundo dia do evento juntamente com as bandas Distinção Crucial, Guerrilha, Mente Hostil, Rebelião 16 e Delinquência Juvenil, além de discotecagem de Brutus 16.

A Casa de Cultura Marginal – CCM fica na Via Anchieta, 1629, Ipiranga, São Paulo/SP (próximo ao metrô Sacomã). A entrada custa R$ 3,00 e a gig está marcada para as 16 horas. Para confirmar presença no evento do facebook para esta gig clique aqui.

 

Amistad Tour 2016: dia 25 de março de 2016 no Estúdio Noise Terror.

Amistad Tour 2016: dia 25 de março de 2016 no Estúdio Noise Terror.

 

Rudie Skunk Fest - Representatividade Feminina no Skinhead: dias 25 e 26 de março de 2016 na Casa de Cultura Marginal - CCM.

Rudie Skunk Fest – Representatividade Feminina no Skinhead: dia 25 de março no Viaduto do Glicério e dia 26 de março de 2016 na Casa de Cultura Marginal – CCM.

Cartazes de gigs (2014 – 2016)

Como ficamos exatos dois anos sem movimentar nosso humilde blog, muita coisa aconteceu sem que ficasse registrada aqui.

Abaixo seguem os cartazes das gigs que participamos nesse período.

13 de fevereiro de 2016 - Rock in Bro Skate Bar (São José dos Campos/SP).

13 de fevereiro de 2016 – Rock in Bro Skate Bar (São José dos Campos/SP).

 

16 de janeiro de 2016 - Casa de Cultura Marginal (São Paulo/SP).

16 de janeiro de 2016 – Casa de Cultura Marginal (São Paulo/SP).

 

14 de janeiro de 2016 - Bar e Restaurante Central do Brasil (Santos/SP).

14 de janeiro de 2016 – Bar e Restaurante Central do Brasil (Santos/SP).

 

13 de novembro de 2015 - Tribal Eventos (Santos/SP).

13 de novembro de 2015 – Tribal Eventos (Santos/SP).

 

26 de setembro de 2015 - Estúdio Noise Terror (São Paulo/SP).

26 de setembro de 2015 – Estúdio Noise Terror (São Paulo/SP).

 

15 de agosto de 2015 - Ciclone Eventos (Ferraz de Vasconcelos/SP)

15 de agosto de 2015 – Ciclone Eventos (Ferraz de Vasconcelos/SP)

 

4 de julho de 2015 - Bar e Restaurante Central do Brasil (Santos/SP).

4 de julho de 2015 – Bar e Restaurante Central do Brasil (Santos/SP).

 

19 de junho de 2015 - Teatro Universitário de Curitiba (Curitiba/PR).

19 de junho de 2015 – Teatro Universitário de Curitiba (Curitiba/PR).

 

17 de junho de 2015 - Bar e Restaurante Central do Brasil (Santos/SP).

17 de junho de 2015 – Bar e Restaurante Central do Brasil (Santos/SP).

 

12 de junho de 2015 - Hangar 110 (São Paulo/SP).

12 de junho de 2015 – Hangar 110 (São Paulo/SP).

 

5 de junho de 2015 - Espaço Som (São Paulo/SP). Participação da Última Classe na gravação do DVD da banda Asteroides Trio.

5 de junho de 2015 – Espaço Som (São Paulo/SP). Participação da Última Classe na gravação do DVD da banda Asteroides Trio.

 

4 de junho de 2015 - 1º Fest Punk Guarulhos Sobreviventes (Guarulhos/SP).

4 de junho de 2015 – 1º Fest Punk Guarulhos Sobreviventes (Guarulhos/SP).

 

23 de maio de 2015 - Estúdio Noise Terror (São Paulo/SP). Uma das 500 despedidas da banda Excomungados...

23 de maio de 2015 – Estúdio Noise Terror (São Paulo/SP). Uma das 500 despedidas da banda Excomungados…

 

15 de maio de 2015 - Centro Cultural Zapata (São Paulo/SP).

15 de maio de 2015 – Centro Cultural Zapata (São Paulo/SP).

 

20 de dezembro de 2014 - Espaço Cultural Autônomo Okupalco.

20 de dezembro de 2014 – Espaço Cultural Autônomo Okupalco.

 

1 de novembro de 2014 - Bar e Restaurante Central do Brasil (Santos/SP).

1 de novembro de 2014 – Bar e Restaurante Central do Brasil (Santos/SP).

 

4 de outubro de 2014 - Kibacana Futebol Society (Mogi das Cruzes/SP).

4 de outubro de 2014 – Kibacana Futebol Society (Mogi das Cruzes/SP).

 

27 de setembro de 2014 - Estúdio Noise Terror (São Paulo/SP).

27 de setembro de 2014 – Estúdio Noise Terror (São Paulo/SP).

 

20 de setembro de 2014 -  Bar e Restaurante Central do Brasil (Santos/SP).

20 de setembro de 2014 – Bar e Restaurante Central do Brasil (Santos/SP).

 

28 de abril de 2014 - Bar e Restaurante Central do Brasil (Santos/SP).

28 de abril de 2014 – Bar e Restaurante Central do Brasil (Santos/SP).

 

23 de fevereiro de 2014 - Estúdio Noise Terror (São Paulo/SP).

23 de fevereiro de 2014 – Estúdio Noise Terror (São Paulo/SP).

 

22 de fevereiro de 2014 - Casa Mafalda (São Paulo/SP).

22 de fevereiro de 2014 – Casa Mafalda (São Paulo/SP).

 

Sobre a música “Pra que Serve a Burguesia?”

Riot girl negra

O texto que se segue teve como origem a resposta que demos a uma pergunta da entrevista realizada conosco (Última Classe) pelo coletivo Hardcore sem Pátria para o zine Asco em março de 2015. Tal pergunta versava sobre uma música que compusemos no início da banda, tocamos em algumas gigs, gravamos, mas não chegamos a divulgar. A letra, contudo, chegou a ser divulgada por nós mesmos, por meio de nosso blog, e dizia o seguinte:

Pra que Serve a Burguesia?

Filosofando numa mesa de bar, observando o movimento na rua
Comecei a me perguntar pra que serve a burguesia?
Li Karl Marx, Lênin e Bakunin respaldado na teoria
Eu ainda me perguntava pra que serve a burguesia?

Ela tem dinheiro e não paga cerveja, tem carro importado e não dá carona
Promove coquetel e não convida a gente, Ela fode o mundo e não ajuda ninguém
Mas passando por um bairro chique pude ver tudo a minha volta
Observei da janela do ônibus pra que serve a burguesia

[refrão 3x]
A burguesia só serve [4x]
Pra fazer filha gostosa [2x]

Bom, inicialmente é necessário que se diga que nenhum integrante da banda compactua com machismo e com a misoginia. Tampouco, nunca fizeram parte de seguimentos subculturais que cultuam esses valores (se é que o machismo possa ser considerado um valor).

Quando escrevemos essa letra e compusemos essa música a ideia era apenas a de dizer que a burguesia não tem qualquer função na sociedade, ou seja, não serve para nada, de uma forma irônica e irreverente. Apenas isso, nada mais. Não são raras as falas de teóricos do anarquismo e do socialismo no sentido de que o único papel da burguesia é o sucumbir, de que o papel da burguesia na revolução é o de desaparecer, enfim, de dizer, também de forma irônica, que essa classe social não tem papel algum. Quando colocamos, de forma debochada, que a burguesia só serve pra fazer filha gostosa, também estamos querendo dizer isso: que é uma classe que parasitária e, portanto, sem função social, pois a beleza, ou as belezas em suas múltiplas formas, não são privilégio da burguesia.

Por outro lado, usar o termo gostosa, nesse sentido, também é uma ironia com o padrão de beleza plástica e fútil presente no discurso dominante e nos valores burgueses que são transmitidos a toda a sociedade (e em geral reproduzidos por ela) pelos veículos de comunicação de massa. A tal mulher gostosa presente na letra não é a mulher independente, autônoma, trabalhadora e lutadora, defensora de seus direitos e sim aquela que corrobora com esse discurso machista de beleza padronizado: as apresentadoras e dançarinas dos programas de TV, as “modelos” das revistas masculinas, as dondocas plastificadas das colunas sociais etc., ou seja, as mulheres fúteis, burguesas ou portadoras do discurso burguês, que usam seu corpo supostamente perfeito como forma de promoção pessoal colaborando, assim, com o machismo. O termo gostosa, da forma como pensamos em usar, teria um sentido irônico também.

Acreditamos que chamar essa mulher de gostosa a partir de uma visão crítica é ironizar a situação na qual ela mesma se coloca, é sugerir uma caricatura dela feita por ela mesma, é debochar desse papel que é na verdade um desserviço à mulher, à causa feminina, ao feminismo, enfim.

Riot girl classista

Obviamente o ponto central da letra é uma crítica irreverente à burguesia. A tal mulher gostosa, a gostosa da TV (esse termo é comum em letras de Rap), entrou na letra apenas para dizer, de forma criativa, que a única coisa para qual a burguesia supostamente serve não é algo real, algo de verdade e com conteúdo. É, na verdade, uma caricatura que ela, a burguesia, cria para explorar a imagem da mulher. Isso, que para nós é claro, talvez não tenha ficado bem explicado na letra.

Outro ponto que achamos importante abordar em “nossa defesa” é a respeito dos discursos e das práticas. Os discursos são criações mais ou menos coerentes que só fazem sentido se tiverem amparadas por práticas correspondentes. Dizer, cada um pode dizer o que quiser. Agora praticar o que se diz é outra coisa. Acreditamos que mais importante do que atentar-se aos discursos é nos atentarmos às práticas dos grupos ou indivíduos dos quais emanam esses discursos, pois elas, as práticas, falam mais a respeito deles do que o discurso criado sobre si mesmo. Nesse sentido, é só prestar atenção às práticas dos integrantes da banda. Algum de nós tem práticas machistas ou parece machista?

Outra coisa que também achamos importante dizer é que quando montamos a banda e fomos delineando seu perfil jamais pensamos em elaborar um conjunto de idéias coerentes que balizassem de forma rígida nossas letras, como uma ideologia. Claro que como uma banda Punk formada por Punks e Skinheads, ambos do campo da extrema esquerda, anarquistas, socialistas ou simpatizantes, produzimos letras de contestação, críticas e procuramos questionar tudo aquilo que não concordamos na sociedade em que vivemos, mas sempre com uma dose de ironia e de bom humor.

Essa postura e a forma de abordagem dos temas em nossas letras, talvez sejam, em parte, uma consequência da experiência que a maior parte dos integrantes da banda teve com o Punk nos anos 90, ou melhor, com um segmento específico dele, a cena libertária dos anos 90, que orbitava em torno do Anarcopunk e que, em determinado momento, atingiu um grau de policiamento e de cobranças comportamentais insuportável no qual existiam restrições quase que universais para quase tudo. Talvez essa experiência tenha nos habilitado a falar, ou tentar falar, sem melindres a partir de óticas que para nós são claras, mas que para outras pessoas, com experiências distintas, não sejam assim tão lógicas. Talvez essa diferença de bagagem tenha criado um ruído entre quem escreve e quem lê/ouve.

Vale ressaltar que não tocamos mais essa música e que essa decisão foi fruto do debate que se estabeleceu em torno dela. Muitas pessoas, homens e mulheres, Punks e Skinheads, especialmente algumas ligadas ao coletivo Hardcore sem Pátria, nos fizeram esse mesmo questionamento e a discussão fomentada nos fez refletir sobre ela e concluir que de fato a letra não transmite o que imaginamos que poderia transmitir e soa machista sim, é verdade. Fomos convencidos disso e deixamos de tocá-la. Vale observar também proficuidade do debate que se estabeleceu, pois fomos questionados, soubermos ouvir, fomos ouvimos, fizemos autocrítica e assumimos nosso erro, o erro de, mesmo sem intenção, produzir uma letra machista.

Para finalizar, gostaríamos de reforçar de que não somos uma banda machista, tampouco que apóia o machismo, a misoginia e qualquer outro tipo de discriminação de gênero.

Mesmo sofrida, jamais de calo

Anacronismo, contexto e mudança: reflexões acerca da união e da convivência entre Punks e Skinheads

Punks e Skinheads contra a homofobia

Punks e Skinheads contra a homofobia.

A união entre Punks e Skinheads, como tudo na vida, foi algo alcançado com muitas dificuldades e vários conflitos que surgiram no caminho até então percorrido e até o alcance do atual estado das coisas, em que ambas as subculturas convivem.

Essas dificuldades devem-se, principalmente, à origem e ao modo como se deu essa relação ainda na década de 1980.

É dever ressaltar que o Skinhead foi introduzido no Brasil pelos Carecas, uma gangue Punk do início dos anos 80 que pouco a pouco foi se distanciando, em diversos aspectos, dos Punks da cidade e deu origem aos Carecas do ABC e aos Carecas do Subúrbio (posteriormente surgiram no Rio de Janeiro/RJ os Carecas do Brasil).

Num segundo momento houve o envolvimento daqueles grupos com matrizes político-ideológicas conservadoras e de extrema direita. Alguns se vincularam a sistemas ideológicos nacionais, como o Integralismo, por exemplo. Outros acabaram por se ligar a pensamentos difundidos principalmente a partir da Europa, como foi o caso daqueles que se envolveram com o Neonazismo.

Vale lembrar que essa aproximação entre subculturas urbanas e ideologias políticas já havia acontecido também, pouco tempo antes, em diversos países da Europa. Parte desses grupos, tanto Punks, quanto Skinheads, se filiou a movimentos de extrema direita e/ou de esquerda. Houve ainda outra parte (talvez a maior delas) que não se envolveu ideologicamente com nada, voltando-se basicamente à música, à denúncia, às críticas e à quebra de modelos estéticos, de forma mais descompromissada, mas nem por isso menos contundente.

Enquanto isso, aqui no Brasil, diferentemente, os grupos que passaram a reivindicar o Skinhead (inicialmente punks carecas, depois Carecas e Whitepowers) ligaram-se majoritariamente a pensamentos de direita (nacionalismos, Integralismo, Neonazismo, etc.), ao passo que parte dos Punks vinculou-se ao Anarquismo.

Outra parte dos Punks, majoritária, apesar de reivindicar a anarquia (e não o anarquismo enquanto sistema ideológico teoricamente organizado), se manteve fiel à postura inicial de contestação social e crítica à ordem, independentemente de filiação político-ideológica.

Essa diferença no desenvolvimento do Skinhead, do Punk e da relação entre ambos, particularidade brasileira, levou ao surgimento do mito de que todo Skinhead é fascista ou, pior ainda, de que o skinhead é uma subcultura fascista por natureza.

Skinheads anti-racistas e Punks contra a homofobia.

Skinheads anti-racistas e Punks contra a homofobia.

Esses preceitos foram, em grande parte, responsáveis pelas dificuldades enfrentadas até que ambas as subculturas pudessem vir a conviver e a somar forças, tal como acontece hoje, onde já temos consolidada uma realidade em que Skinheads tradicionais, Redskins, Anarcoskins e membros da Rash (Red and Anarchists Skinheads) e da Sharp (Skinheads Against the Racial Prejudice) intervém e atuam juntamente com Punks, Rappers e quaisquer outros grupos subculturais de postura libertadora e antifascista.

Aquele quadro inicial, gestado ainda no início dos anos 80, começou a mudar em meados da década de 1990, quando indivíduos, mesmo que não organizados em coletivos ou grupos, passaram a reivindicar o Skinhead a partir de uma postura de esquerda. Inicialmente houve muita desconfiança e discriminação por parte dos Punks das mais diversas tendências e de quase todos os grupos.

Entre o final dos anos 90 e o início dos anos 2000 surgiram duas iniciativas que contribuíram bastante, acreditamos, pelo menos no que se refere à São Paulo, para a mudança da realidade de então e para a aceitação do Skinhead em sua versão não fascista, tal qual fora em seu surgimento e conforme se apresentava na Europa e nos demais países da América Latina: a criação do coletivo Rash (Red and Anarchists Skinheads) na cidade de São Paulo/SP e o surgimento de uma crew na cidade de Santos/SP, a Moonstompers (MS Crew), que passou a reunir em sua base Punks e Skinheads.

A partir daí, cada vez mais, Skinheads e Punks passaram a frequentar os mesmos gigs, festas e eventos; a atuar juntos nas mesmas manifestações e protestos; e a intervir conjuntamente nas mais variadas formas de ações, mostrando que o Skinhead, desta vez assumidamente antifascista, já havia se consolidado e se firmado como uma realidade também aqui no Brasil.

Com o passar dos anos, grupos e coletivos Punks foram, aos poucos, aceitando e se unindo aos Skinheads por perceberem que estão juntos, nas ruas, pelas mesmas causas e passaram a constituir um cenário coeso e coerente do qual hoje fazem parte diversos coletivos Punks, como: Ameaça Punk, Ferro Velho Punk, Revolução Punk Subúrbio, Hard Core Sem Pátria, além de muitos outros Punks independentes de São Paulo, região e também outras localidades.

Punks & Skins destruindo o preconceito. Oi!

Punks & Skins destruindo o preconceito. Oi!

O Skinhead hoje já não é mais o que foi nos anos 80 aqui no Brasil. O Skinhead antifascista nunca foi a mesma coisa que a versão Skinhead corrompida e deturpada pela extrema direita (cujo Punk também teve e ainda tem seu correlato, apesar de muito se esquecerem disso).

Julgar o passado com o olhar, as percepções e os valores do presente é o pior erro que se pode cometer na análise de qualquer realidade. Se hoje achamos que uma atitude ou um gesto são inconcebíveis e/ou inaceitáveis não quer dizer que em outras épocas ou em outros lugares também o eram.

No mesmo sentido vem a questão: como podemos ter certeza de que nossas práticas atuais, que julgamos adequadas, não serão vistas com desconfiança no futuro? Somos homens e mulheres de nosso tempo e estamos sujeitos ao que ele nos permite pensar, ver e fazer.

A contextualização e uma maior atenção à ambiência de cada momento histórico e de cada realidade regional são necessárias para que não se cometam anacronismos e atribuição de valores de nosso tempo às pessoas e a grupos de outras épocas e lugares. Anacronismos que, por sinal, têm sido cometidos de forma indiscriminada apenas contra o Skinhead, ao passo que, em relação ao Punk, muitas vezes se analisa, se relativiza, se discute e se releva, como se ele tivesse uma trajetória linear, progressiva, evolutiva e cumulativa, sem contradições e equívocos. Não, não teve. Felizmente nós, Punks e Skinheads, somos humanos.

Ambos são subculturas nascidas no seio dos setores populares das sociedades onde surgiram, e como tais sempre estiveram expostas e interfaceadas aos pensamentos e às visões de mundo predominantes nesses meios (pensamentos e visões que podem não ser necessariamente próprios de cada segmento social, mas apropriações feitas por imposição ou não de pensamentos e visões de setores dominantes da sociedade). Por mais que ambos sempre tivessem se colocado em posição de crítica e de rompimento, trata-se de um processo que leva tempo. É inegável que eventualmente tenham reproduzido elementos que inicialmente se propuseram a negar.

Atribuir características conservadoras que existem de forma dispersa nas camadas inferiores da sociedade a sistemas ideológicos organizados de extrema direita é condenar injustamente pessoas comuns, trabalhadoras, exploradas, oprimidas, sem ou com pouca instrução e condição diminuta de discernimento. É uma equiparação equivocada. Uma coisa é o ideólogo que dissemina o preconceito e procura se respaldar teoricamente, outra é aquele que reproduz esses pensamentos de forma não articulada e confusa.

Skinheads contra a homofobia.

Skinheads contra a homofobia.

O Skinhead e o Punk são subculturas que em algum momento tiveram características de movimento, formadas por pessoas comuns. Pessoas que às vezes erram e que às vezes acertam. Em algum momento houve excessos? Em algum lugar houve contradições? Provavelmente, afinal somos seres humanos. Mas não foram apenas os Skinheads que os cometeram, os Punks têm sim sua parcela de responsabilidade. Classificar dois grupos que tiveram origens similares e vivências próximas, como eternos mocinhos e bandidos que lutam eternamente entre si é uma prática maniqueísta e antiquada que tem sua raiz no mais tradicional e conservador pensamento cristão: o Bem que sempre foi bom combatendo o Mal que sempre foi mau. Prática e pensamento que deveríamos, como Punks e Skinheads, combater e não reproduzir.

Assumimo-nos como subculturas, logo, reconhecemos nossa condição de movimentos contraculturais, se tomarmos como paradigma a cultura de massas. Devemos, portanto, estar comprometidos com as mudanças e com as rupturas e não com as manutenções e com as continuidades.

Ora, se o Skinhead antifascista, que hoje já está consolidado no Brasil, representa uma mudança em relação ao Skinhead fascista e racista dos anos 80, não deveriam os Punks estender-lhe as mãos, reconhecendo nesse amadurecimento uma transformação de realidade? Não sabemos nós, na teoria e na prática, que o Punk tem tudo a ver com mudança? E ainda, não sabemos nós do passado também confuso e deveras conturbado do movimento punk mundo afora?

Se nos valemos de um conceito mínimo de razoabilidade para julgar e absolver uns, por que o desconsiderar por completo para julgar e condenar outros?

Acreditamos que o Punk e o Skinhead possuem suas divergências e suas convergências. Felizmente, estas são maiores e mais sólidas que aquelas. Se um dia o ódio, o preconceito e o racismo nos dividiram, hoje a revolta, o inconformismo, a resistência, o classismo e a luta contra todos os tipos de preconceito e de discriminação nos tornaram irmãos.

Sem mais, Punks e Skinheads de todo o mundo, uni-vos!

Observação: Este texto foi produzido pela própria banda em janeiro de 2013 para um zine que foi distribuído no evento Cultura Marginal… Sobrevivência nas Ruas organizado pelo coletivo Hardcore sem Pátria na Casa de Cultura Marginal – CCM no dia 6 de janeiro de 2013.

Cartaz do evento Cultura Marginal... Sobrevivência nas Ruas (coletivo Hardcore sem Pátria)

Cartaz do evento Cultura Marginal… Sobrevivência nas Ruas (coletivo Hardcore sem Pátria).

Terveet Kädet em Santos/SP

Fotos da apresentação do Terveet Kädet no Bar e Restaurante Central do Brasil, em Santos/SP, juntamente com as bandas Última Classe, Maldita Ambição e Juventude Maldita (28/04/2014).

Última Classe

Última Classe

Última Classe

Última Classe

Última Classe

Última Classe

Última Classe

Última Classe

Última Classe

Última Classe

Maldita Ambição

Maldita Ambição

Maldita Ambição

Maldita Ambição

Juventude Maldita

Juventude Maldita

Juventude Maldita

Juventude Maldita

Terveet Kädet

Terveet Kädet

Terveet Kädet

Terveet Kädet

Set list encontrado colado na parede (não foi possível identificar de que banda é).

Set list encontrado colado na parede (não foi possível identificar de que banda é).

Cartaz

Cartaz

Última Classe com Steve Drewett (Newtown Neurotics)

Fotos da apresentação do Steve Drewett (Newtown Neurotics) no Estúdio Noise Terror em São Paulo/SP em 23 de fevereiro de 2014.

Sarjeta

Sarjeta

Steve Drewett

Steve Drewett

Última Classe

Última Classe

Última Classe

Última Classe

Punx & Skins

Punx & Skins

Punx & Skins

Punx & Skins

Noise